O roteiro do documentário “O Mercado de Notícias” tem como linha condutora a peça homônima do dramaturgo inglês Ben Jonson (1572- 1637), “The staple of news”. A peça de Jonson foi encenada pela primeira vez em 1626, em Londres, e esta é sua primeira tradução para a língua portuguesa, feita por mim e pela professora Liziane Kugland. A peça é uma crítica bem humorada a uma atividade recentemente criada, uma novidade em Londres: o jornalismo.
O Mercado de Notícias, o filme, traça um painel sobre mídia e democracia, incluindo uma breve história da imprensa, desde o seu surgimento, no século 17, até hoje, destacando seu papel na construção da opinião pública, seus interesses políticos e econômicos.
O documentário enfatiza dois aspectos destacados na peça de Ben Jonson: o primeiro o debate sobre a credibilidade da notícia, que inevitavelmente contraria e favorece interesses; o segundo é a necessidade constante e crescente de informações, a demanda por notícias que acaba por se tornar entretenimento.
Além dos trechos da peça e de pequenos documentários sobre a história do jornalismo, o filme traz entrevistas com treze grandes jornalistas brasileiros. Estas entrevistas, onde os profissionais compartilham suas experiências e percepções acerca da profissão – presente, passado e futuro – estão também disponíveis aqui no site, em versões ampliadas.
Acredito que um documentário, para ser durável – e ele deve ser, mais que uma notícia -, tem que ser útil, no sentido de iluminar um tema, uma atividade, uma época. Deve servir de elemento deflagrador de debates, instigar novas pesquisas, despertar nos espectadores aquilo que o Umberto Eco chama de “espírito de decifração”.
“O Mercado de Notícias” debate critérios jornalísticos, e este é o seu sentido e o sentido da peça de Jonson. É também uma defesa da atividade jornalística, do bom jornalismo, sem o qual não há democracia.
Jorge Furtado
Diretor e Roteirista